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Questões sobre Kant
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Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim. KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado). TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim. FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
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Aprioridade do juízo e importância da natureza.Essa alternativa está incorreta porque a aprioridade do juízo e a importância da natureza não são o foco da inversão feita por Fontela. Kant fala sobre juízos a priori em seu trabalho sobre a Crítica da Razão Pura, mas aqui estamos discutindo a Crítica da Razão Prática, que trata mais das questões éticas e de moralidade que os aspectos epistemológicos.
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Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.Esta alternativa está incorreta porque Kant, quando aborda a questão da moralidade, fala sobre a autoridade da razão sem necessariamente prescindir do empírico. Nos textos fornecidos, o foco está na inversão entre a fenomenalidade do mundo e a interioridade da norma, e não na prescindibilidade do empírico.
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Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.A opção está correta porque se refere exatamente à inversão feita pela poeta. No texto original de Kant, ele coloca o "céu estrelado" como algo externo, representando o mundo fenomenal, ou seja, aquilo que experimentamos. A "lei moral" é algo interno, dentro de nós, representando a interioridade da norma. O poema de Fontela inverte essas ideias, colocando o "céu estrelado" dentro de si e a "dura lei" como algo que a cobre, invertendo os lugares da fenomenalidade do mundo e da interioridade da norma.
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Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.Esta alternativa está incorreta porque não aborda o cerne da questão entre os textos apresentados, que é a inversão entre os conceitos de interioridade e fenomenalidade. A necessidade da boa vontade e a crítica da metafísica não são tema dos textos destacados, embora sejam conceitos kantianos importantes.
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Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.Esta opção está incorreta porque não é isso que está sendo invertido nos textos. A possibilidade da liberdade e a obrigação da ação se referem, em Kant, à capacidade do indivíduo de agir de acordo com o dever, independentemente de suas inclinações. Fontela não está lidando diretamente com essas noções de liberdade e obrigação, mas sim com a localização da lei moral e do céu estrelado.
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
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o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.Esta alternativa está incorreta. Kant não considera o exercício da racionalidade um pressuposto menor em relação a verdades eternas. Ao contrário, ele vê a racionalidade como o meio pelo qual podemos alcançar a autonomia e a maioridade. O Esclarecimento é sobre ter a coragem de usar a própria razão para entender o mundo, ao invés de depender de verdades pré-estabelecidas, sejam elas eternas ou dogmáticas.
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a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.Esta alternativa está incorreta. Embora Kant defenda a ideia de emancipação do pensamento crítico, ele não vê as ideologias como resultados apenas da razão. Para Kant, a razão é a ferramenta que usamos para nos emanciparmos de heteronomia e dependência de ideologias ou dogmas externos. O foco está na autonomia e no uso da razão para escapar da menoridade, e não necessariamente em rejeitar a subjetividade humana ou ideologias."
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a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.Esta alternativa está correta. Kant define o Esclarecimento como a capacidade de o ser humano sair da sua situação de menoridade, o que significa conquistar a autonomia de pensamento. Ele acredita que as pessoas permanecem na menoridade por preguiça e covardia, não por falta de entendimento. O lema do esclarecimento é "tenha coragem de usar o seu próprio entendimento", incentivando assim o uso autônomo da razão, sem a tutela de outra pessoa. Isso se alinha com a reivindicação da autonomia racional como uma expressão de maioridade.
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a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.Esta alternativa está incorreta. Kant não propõe a imposição de verdades matemáticas de forma heterônoma. Seu argumento é precisamente o contrário: é sobre libertar-se de qualquer forma de heteronomia, incluindo a imposição de verdades alheias, sejam elas religiosas, científicas ou de outra natureza. O Esclarecimento trata da valorização da autonomia e do uso crítico e independente da razão.
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a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.Esta alternativa está incorreta. Kant não fala sobre alcançar o Esclarecimento através da compreensão de verdades religiosas. Na verdade, ele fala sobre a importância de usar a própria razão de forma independente, sem depender de dogmas ou verdades externas impostas por religiões ou outras instituições. Para Kant, o Esclarecimento envolve justamente a emancipação do pensamento crítico em relação a essas verdades heterônomas.
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto
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Materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios.A proposta de que os fins justificam os meios é uma ideia que se alinha mais ao utilitarismo, uma perspectiva que contrasta com a ética deontológica de Kant. Kant defende que as ações são morais não pelas suas consequências (fins), mas pelos deveres envolvidos (meios). Portanto, esta alternativa não reflete a posição kantiana sobre a moralidade das ações e está incorreta no contexto do texto apresentado.
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Opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.A alternativa afirma que a 'falsa promessa de pagamento' se opõe ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal, que é um dos pilares da ética kantiana. Segundo Kant, as ações devem ser julgadas pela sua capacidade de se tornarem máximas universais, ou seja, se todos agissem da mesma forma, isso seria aceitável? No caso da promessa falsa, se todos agissem assim, a prática de emprestar ou tomar dinheiro emprestado se tornaria inviável, já que ninguém confiaria em promessas. Assim, a alternativa está correta em identificar essa contradição lógica e ética da falsa promessa dentro do pensamento kantiano.
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Garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra.Esta alternativa menciona a preocupação com os efeitos das ações sobre a possibilidade da vida futura na Terra, que é uma ideia mais associada com a ética ambiental ou utilitarismos considerando consequências de longo prazo. Kant não coloca o foco nas consequências das ações, mas sim na intenção e na universalizabilidade da máxima da ação. Assim, a alternativa está incorreta no contexto da ética kantiana.
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Assegura que a ação seja aceita por todos a partir livre discussão participativa.Esta alternativa fala sobre aceitação por meio de livre discussão participativa, o que não está diretamente relacionado com a ética kantiana, mas sim com teorias que falam sobre ética discursiva e consenso, como a de Jürgen Habermas. Kant foca no imperativo categórico e na universalização das ações, não em processos de discussão ou aceitação coletiva. Portanto, essa alternativa está incorreta no contexto do que é discutido no texto.
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Permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.A noção de que uma ação deve produzir a maior felicidade para as pessoas envolvidas é um princípio central do utilitarismo, que busca maximizar o bem-estar geral. No entanto, a ética de Kant não tem como foco a felicidade, mas sim o cumprimento do dever e a universalidade dos princípios morais. Portanto, essa alternativa não reflete corretamente o ponto de vista kantiano sobre a falsa promessa e está incorreta.
De acordo com o texto, em um Estado de direito
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o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, pois é ele que outorga a cada um o que é seu.Esta alternativa está incorreta. No texto, Kant identifica a soberania com o legislador, não com o juiz ou o Poder Judiciário. Embora o Judiciário tenha o papel crucial de garantir que cada um receba o que é seu por direito, a soberania não está concentrada nesse poder, mas no Legislativo.
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o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, pois depende dele para validar suas determinações.Esta alternativa está incorreta. Embora o Judiciário tenha a função de assegurar a justiça conforme as leis, o texto de Kant não implica que o Executivo deva submeter-se ao Judiciário. Cada poder possui sua independência dentro de suas funções específicas, e o Executivo deve aplicar as leis formuladas pelo Legislativo.
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o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é soberano.Esta alternativa está incorreta. No texto, Kant descreve a divisão dos poderes em Estado de direito, onde a soberania é identificada com o Poder Legislativo. O Executivo não detém a soberania; sua função é aplicar as leis estabelecidas pelo Legislativo. Portanto, o Legislativo não deve submeter-se ao Executivo, mas sim, o contrário.
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a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a representação da vontade geral.Esta alternativa está correta. Kant afirma que a soberania em um Estado de direito está na vontade geral, representada pelo legislador. Isso significa que as leis feitas pelo Poder Legislativo são a expressão dessa vontade geral e, portanto, devem ser obedecidas. Esta é a garantia de que o Estado opere sob um regime de leis justas e não sob a vontade arbitrária de indivíduos específicos.
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a vontade do governante deve ser obedecida, pois é ele que tem o verdadeiro poder.Esta alternativa está incorreta. De acordo com Kant, a soberania reside no Poder Legislativo. O governante, que representa o Executivo, deve seguir e aplicar as leis formuladas pelo Legislativo. O poder real não está na pessoa do governante, mas na legislação que ele tem o dever de executar.
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
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assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.Esta alternativa está correta. A citação refere-se à mudança proposta por Kant em relação ao conhecimento. Antes, pensava-se que nosso conhecimento deveria se ajustar ao mundo dos objetos, como se estivéssemos apenas tentando espelhar fielmente a realidade externa. Kant, no entanto, sugere que é o mundo dos objetos que se ajusta ao nosso conhecimento, ou seja, nós elaboramos ativamente a nossa experiência do mundo por meio de nossas estruturas mentais. Portanto, há dois pontos de vista opostos: um baseado na tradição empírica, onde os objetos moldam o conhecimento, e outro, proposto por Kant, onde o conhecimento organiza a experiência dos objetos.
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refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.Esta alternativa está incorreta. Kant não refuta mutuamente ambas as posições tradicionais acerca do conhecimento; ao contrário, ele transforma e reequilibra essas posições. Kant não descarta o empirismo e o racionalismo completamente, mas oferece uma nova abordagem que combina elementos deles, articulando uma nova maneira de compreender o conhecimento como resultado da interação entre estruturas mentais e experiências sensoriais.
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revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.Esta alternativa está incorreta. Apesar de Kant indicar uma relação entre a experiência e o conhecimento, o foco aqui é a precedência que ele dá às estruturas internas do conhecimento sobre os objetos externos. Não é uma questão de interdependência simples, mas de uma priorização em que o conhecimento organiza a experiência. A reflexão filosófica não apenas acompanha os dados da experiência, mas determina como esses dados são compreendidos e organizados.
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defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.Esta alternativa está incorreta. Kant não defende que o conhecimento é impossível, nem que o ceticismo é o único caminho. Embora Kant tenha apontado os limites do conhecimento humano, ele também propôs que, dentro desses limites, é possível ter conhecimento seguro. Portanto, ele não promove o ceticismo absoluto, mas sim uma compreensão crítica da capacidade de conhecimento.
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apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.Esta alternativa está incorreta. Kant argumenta que, apesar de nossa experiência do mundo ser estruturada pelas nossas formas de conhecimento, ele não coloca as ideias isoladamente como primazia sobre os objetos. Ele critica exatamente a ideia de que o conhecimento seja apenas uma questão de ideias internas sobrepostas aos objetos, como no idealismo radical. Para ele, existe uma interação em que nem os objetos, nem as ideias assumem primazia absoluta de forma isolada.
A passagem citada expõe um pensamento caracterizado pela:
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eficácia prática da razão empírica.Essa está incorreta. A razão empírica em Kant não tem eficácia prática para fundamentar princípios morais. Kant defende a razão pura, que é usada independentemente da experiência, para fundamentar os princípios morais. A moral, para ele, deve ser baseada em princípios racionais a priori, que são universais e não derivados da experiência.
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comparação da ética a uma ciência de rigor matemático.Esta alternativa está incorreta. Embora Kant busque rigor e universalidade na ética, comparando-a a algo que se assemelha a uma ciência, ele não diz que a ética deveria se assemelhar especificamente a uma ciência de precisão matemático. A ética para Kant se fundamenta em princípios racionais, mas reconhece a peculiaridade e complexidade próprias da ação humana.
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importância dos valores democráticos nas relações de amizade.Esta também está incorreta. A citação de Kant não menciona valores democráticos. Kant está discutindo fundamentos universais da ética que não estão diretamente relacionados a sistemas políticos ou sociais, como os valores democráticos. Ele está preocupado com a fundamentação da moral na razão e não nas normas sociais ou políticas atuais.
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recusa em fundamentar a moral pela experiência.Esta é a alternativa correta. Kant argumenta que a moralidade não deve ter como base a experiência, mas sim princípios a priori, ou seja, que são definidos pela razão e existentes antes de qualquer experiência. Isso significa que, segundo ele, devemos entender a moral como uma questão de dever racional, independente das situações empíricas.
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transvaloração dos valores judaico-cristãos.Esta alternativa está incorreta. A transvaloração dos valores é uma ideia ligada a Nietzsche, que propunha a reavaliação dos valores morais da tradição judaico-cristã. Kant, no trecho citado, está focado em como a razão pode fundamentar as práticas morais, e não em transformar ou reavaliar valores existentes. Portanto, esta proposta não se alinha à discussão kantiana no texto fornecido.
A concepção ética presente no texto defende a
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maximização da utilidade.A maximização da utilidade está associada ao utilitarismo, uma teoria ética que busca maximizar a felicidade ou o bem-estar para o maior número de pessoas. No entanto, essa não é a abordagem de Kant. Kant foca na moralidade como derivada de princípios racionais e universais, não calculada com base em consequências como a utilidade ou felicidade.
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universalidade do dever.Correta. Kant propõe que princípios éticos devem ser universais, significando que eles devem ser aplicáveis a todos os seres racionais. Esta ideia de universalidade do dever é central em sua ética, onde ele destaca a importância de agir de acordo com máximas que todos poderiam seguir. Assim, a moralidade está ancorada na razão prática, que estabelece deveres válidos universalmente. Isso está ligado ao conceito de imperativo categórico de Kant, que é uma regra de conduta baseada na razão que se aplicaria a todos, independentemente de circunstâncias ou desejos pessoais.
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aprovação pelo sentimento.Esta alternativa sugere um tipo de ética baseada nas emoções ou sentimentos, como a ética de David Hume ou a emoção moral que pode ser encontrada em teorias sentimentalistas. No entanto, Kant rejeita a ideia de que a moralidade é baseada no sentimento, argumentando que ela deve ser derivada da razão e que princípios racionais e universais devem guiar nossas ações.
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identificação da justa medida.A justa medida é um conceito que remete à chamada 'doutrina do meio-termo' de Aristóteles, onde a virtude é encontrada em um equilíbrio entre extremos. No entanto, esta não é uma ideia central para Kant, que exige que nossas ações sejam guiadas por máximas que possam ser universalizadas como leis morais.
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obediência à determinação divina.Esta alternativa está incorreta porque a concepção ética de Kant não se baseia em nenhum tipo de determinação divina ou vontade de Deus. Na filosofia kantiana, a moralidade é derivada da razão pura prática, não de fontes externas ou divinas. Kant argumenta que a ética deve ser baseada em princípios racionais que são válidos para todos os seres racionais, independentemente de suas crenças religiosas.
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